Ser mal educado, inconveniente, estar fora de lugar às vezes faz com
quem busca esta posição ganhe algum destaque na mídia. Um exemplo prático disto
no Brasil era quando um louco torcedor de futebol conseguia pular o antigo
‘fosso’ dos estádios, (uma espécie de vala que continha água e separava a setor
da ‘geral’ em alguns estádios em outros o fosso ficava entre a ‘correia’ e o campo)
invadia o campo e corria para abraçar o seu ídolo, ou só para fazer piruetas
dentro do lindo gramado. Todo mundo da mídia queria mostrar o tal sujeito,
dizer qual era o seu nome e em alguns casos até entrevista-lo. Ele entrava no
campo meteoricamente a todo vapor, correndo e logo atrás em uma corrida de pega-pega,
os ‘brigadianos’ (policia militar), no mínimo uma meia dúzia deles que botavam
o coração pela boca no encalço do cara (para quem via a coisa era divertida). O
jogo parava e a galera toda no estádio curtia o momento do inoportuno torcedor,
dar um ‘paninho’ (jogo de corpo para fugir do brigadiano), dois, três e depois
ser pego, como se fosse um boi que é amarado por laçadeiras. A trupe policial seguravam
o louco torcedor como um bandido de alta periculosidade, davam um jogo de braço
no cara e arrastavam o individuo até o camburão (viatura da policia). Fim de
festa, e o jogo reiniciava. Mas o sujeito tinha o seu momento de fama, a
imprensa mostrava o ‘cara’ em rede nacional de TV, e os ‘jornalistas fotógrafos’
batiam ‘mil e uma’ foto do torcedor que furou a segurança do estádio. No outro
dia ele estava na mídia roubando a cena do espetáculo futebolístico.
Hoje se algum torcedor invadir o estádio de futebol no Brasil, a
primeira coisa que a TV faz e não mostrar o invasor. Não promove o intruso. Só
quem faz isso hoje são as mídias pequenas, sem pegada profissional que gosta de
promover quem não deve ser promovido. Nossa imprensa amadureceu e descobriu que
o intruso só fazia isso para se promover e acabava atrapalhando o espetáculo.
Estes malandros perderam a vez.
Na semana passada enquanto o Papa Francisco fazia um dos seus discursos,
no país em que ele é autoridade máxima, o Vaticano, um garoto de 6 anos, furou
a sua segurança pessoal e subiu onde ele estava fazendo um pronunciamento. Este
garoto fez ‘gato e sapato’ do Papa, sentou na cadeira do Papa, empurrou os seguranças
que tentaram tira-lo dali, se agarrou nas pernas do Papa, etc., etc. Enquanto
isso o Papa continuou o seu discurso, que claro foi para as ‘cucuias’, o garoto
roubou cena. Cá para nós, que garoto mal educado! Que mãe que este moleque tem,
deixá-lo invadir um espaço pessoal, solitário de um chefe de estado, no seu
país, e roubar a cena do mesmo.
O que a imprensa publicou sobre o menino? Achou lindo o garotinho
sentado na cadeira do Papa e blá, blá, blá, deu destaque ao menino. O Papa na
imprensa virou figurante, e o menino atrevido, mal educado, ganhou a cena na mídia
mundial. Claro o anormal, o inusitado, sempre quebra o gelo, do monótono e
repetitivo. Logo o garoto saiu na frente nos pasquins jornalísticos.
Não tenha duvidas que todo o clero e os seguranças do Papa, queriam
aquela criança longe dali, talvez até dar nela umas ‘boas palmadas’ (como se
diz lá sul) e ensinar ela a ser educada e como se comportar em público, mas
para não se queimarem com a imprensa presente e com os fieis da igreja, foram
condescendentes com a ‘arte infantil do moleque’.
Já pesou se a moda pega, e outras mães comecem a incentivar seus filhos
e em algum evento publico do Papa a empurrem seus filhos para ‘fama’: ‘Vai,
vai, e se você entrar lá se segura nas pernas do Papa senta na cadeira dele, se
te pegarem; chora, esperneia, faz drama, etc., etc.,’.
Pior dos que os filhos mal educados, são os pais dos mesmos!
Boa
semana!
Paulo Monauer
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