Thursday, January 15, 2015

Diplomacia

Consulado do Brasil em Boston
Na verdade todo o brasileiro desconhece um serviço diplomático do Brasil até um dia sair do Brasil e precisar dele. A visão que todo brasileiro tem da diplomacia brasileira em um primeiro plano, falo de quem nunca saiu do Brasil, é que ela existe para estreitar relações e mediar negócios internacionais de interesses do Brasil e dar um suporte aos brasileiros no exterior, entre outras coisas, o que não deixa de estar em parte certo, até por que os serviços diplomáticos vão bem mais longe que isso. O Brasil era um país pequeno, insignificante e sem uma projeção mundial até bem pouco tempo atrás. Hoje tudo mudou e nós brasileiros temos um espaço respeitado fora do Brasil. Com isso a diplomacia brasileira foi obrigada a crescer no mundo, inclusive em Boston, por isso temos um prédio que podemos chamar de mini embaixada, no coração de Boston com quatro andares exclusivos, inteirinho do consulado.
O que era antes uma ‘caixa de pandora’ para os brasileiros, falo do trabalho diplomático, que é composto por pessoas bem formadas, poliglotas, algo tipo assim um ser superior (visto pelo ângulo diplomático), virou uma banalidade no nosso meio aqui em Boston. Até por que os diplomatas poliglotas, bem educados e bem formados, ‘aqueles seres superiores de antigamente’, hoje têm uma realidade profissional dura e crua que ainda não conseguiram digerir e nem aceitar. Eles precisam trabalhar não somente com pessoas de alto nível social, turistas estrangeiros que vão ao Brasil, empresários internacionais, mas sim com o povo brasileiro que vive no exterior, estes (o povo brasileiro) não por que estudaram, mas por necessidade também são poliglotas na sua grande maioria e muitos são extremamente bem sucedidos financeiramente e por incrível que pareça nem nível colegial completaram no Brasil. O que circula mesmo na casa consular de Boston e faz o movimento dela é a comunidade brasileira local, logo, o diplomata que estudou línguas, se formou na faculdade, sonhou em trabalhar no exterior em ter uma carreira promissora fora do Brasil, cai na realidade, que o serviço que mais rola no exterior, pelo menos aqui em Boston é dar assistência a brasileiros e estes na sua grande maioria são de um nível educacional inferior ao seu de diplomata, o que causa um desconforto ‘besta’ a alguns diplomatas.
Por conta disto tem muito diplomata que foge da comunidade brasileira local, pois não se identifica com o seu povo, com suas origens, com sua comunidade no exterior, até por que se acham superiores a grande ‘ralé’ que vive por aqui e já vi alguns diplomatas desdenhando da comunidade pela sua simplicidade. Os diplomatas para se livrar do contato direto com o povo que vive em Boston, usam um escudo, que são chamados de funcionários administrativos, que fazem o ‘serviço sujo do consulado’ que é atender os brasileiros. Pois um diplomata brasileiro acha uma humilhação ter que atender em um balcão de frente consular e pegar um brasileiro analfabeto que muitas vezes vive há anos por aqui e é um vencedor e um desbravador brasileiro no exterior, do outro lado do balcão. Entretanto este diplomata só esta aqui por que este e outros brasileiros estão aqui.
O Consulado de Boston tem uma média de 10 diplomatas e às vezes alguns diplomatas encostados (só vem para se beneficiar de um curso ou estudo ou uma missão temporária) e mais uns 20 e tantos funcionários administrativos. A grande maioria, ou melhor, na sua totalidade dos diplomatas que trabalham em Boston a comunidade desconhece e nem sabe o seu nome ou função consular. Tudo fica dentro da ‘caixa de pandora’ é um segredo consular. Um erro, pois cada diplomata que chega neste consulado de Boston a comunidade brasileira local deveria saber o seu nome e qual sua função consular. Deveria ter uma lista dos diplomatas lotados em Boston na página do consulado na internet.
Só a titulo de comparação, para podermos ver a queda que atingimos; Antigamente em Boston quem visitava presos e cuidava deste assunto sempre foi um diplomata de carreira, afinal parte dos seus estudos diplomáticos é a ‘cadeira de direitos humanos internacionais’, e ele diplomata depois de formado e trabalhando no exterior está apto profissionalmente para ser um fiscal destes direitos quando tem um brasileiro preso, seja em que situação for, preso de imigração ou pelo crime mais hediondo que existe. Hoje os diplomatas de Boston também acham uma humilhação visitar presos, salvo quando podem ter uma projeção profissional com algum preso, aí tiram todo mundo da frente e tomam a dianteira do serviço, porém como estas são circunstancias raras os diplomatas de Boston usam um escudo profissional para fazer este serviço mais uma vez, os ‘funcionários administrativos’ que não tem gabarito profissional para detectar e cobrar com nobreza os direitos dos brasileiros presos. Neste desvio de função e de funcionários para cobrir obrigações diplomáticas fora do prédio consular eles os diplomatas aproveitam o fato para engrossam o coro mais uma vez quando reclamações da comunidade chegam aos seus ouvidos referentes ao atendimento, o chavão é sempre o mesmo; faltam funcionários no consulado para o atendimento ao público no balcão. Se este é fato real e concreto, neste caso poderíamos ter diplomatas atendendo na frente, os guichês, uma vez que a prioridade do consulado de acordo com sua cartilha de regras consulares é o atendimento ao brasileiro.
Diplomata e Comunidade precisam viver em harmonia sem barreiras, um depende do outro. E o melhor jeito é achar um bom senso para intermediar tudo isso. Mas os diplomatas precisam descer do salto alto que se encontram. A ditadura já acabou há anos e uma nova realidade precisa ser introduzida no meio diplomático, apesar de que a maioria dos diplomatas brasileiros são do tempo da ditadura, logo e plausível, porém é inadmissível dentro da nossa realidade que ainda tragam alguns vícios de trabalho e postura daquela época.
O consulado vai receber uma nova consulesa em janeiro/2015, Grivania Oliveira está será sua primeira casa diplomática fora do Brasil, onde ela será a autoridade máxima. Todo o suporte será dado a ela pela comunidade e pela mídia, ela merece uma carta branca para impor seu ritmo de trabalho. Contudo já entra com desafios que precisam ser resolvidos com urgência referente a serviços junto à comunidade brasileira local como:
·         Brasileiros presos na jurisdição consular
ü  Quantos presos têm na imigração
ü  Quantos presos criminais
ü  Quantos destes são homens
ü  Quantos são mulheres
ü  Qual é a periodicidade de visitas aos presos
ü  Qual o telefone direto do consulado para os presos ligarem e pedirem suporte
ü  Neste mês de dezembro o consulado vai distribuir cartões telefônicos para os presos ligarem para suas famílias, como já fez em outros anos?
ü  Por que alguns presos estão recebendo regalias e tratamento diferenciado e outros não
·         Consulados Itinerantes – Qual a programação para 2015
·         Atendimento do telefone no consulado – Nunca ninguém atende e não existe caixa de mensagens
·         Cartel dos despachantes do consulado – Quando vão abrir este serviço para qualquer profissional se cadastrar – os preços cobrados por alguns despachantes é exorbitante, têm despachantes vendendo por mais de $10 mil dólares sua inscrição no consulado
·         Conselho de Cidadão – Precisa colocar um basta em quem quer ganhar dinheiro e influência na função
·         ‘Open House Consular’ para aproximar o consulado da comunidade – Apresentar o consulado a casa brasileira para quem quiser conhecer
·         Aumentar o horário de atendimento ao público se possível for
·         Abrir um sábado por mês para atendimento ao público – isso facilitaria para inúmeros brasileiros que trabalham nos dias da semana– O consulado poderia trocar um dia de trabalho da semana por um sábado por mês, para não onerar os custos consulares
HBBN – Paulo Monauer

 

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