Paulo
Monauer
Não gosto de
pensar nisto, mas não me nego o risco eminente de morrer sem um aviso prévio. O
ditado não ajuda e passa batido no meu pensamento; ‘Para morrer basta estar
vivo’. Este ditado soa para mim como algo muito trivial e imparcial, parece uma
coisa mecânica. Às vezes penso na morte como uma coisa de terror. Sinto que o
obvio vai acontecer e não me sinto confortável em vida pensando nisto: Vão me
colocar em caixão, vão me enterrar, vão me queimar, etc. Pensar que vão fazer
isso comigo enquanto ainda estou vivo, me assusta. Na verdade meu coração e
mente se acalma quando penso que quando isso acontecer supostamente ou de fato,
vou estar morto, e nenhuma destas sensações de terror e medo vão me afligir
naquele momento do dito tal sepultamento.
No sou
paranóico, não penso isso sempre, preciso de uma motivação ou tragédia para
relembrar minha mente desta situação que um dia com certeza vai ser a minha. Às
vezes nas minhas loucuras destes pensamentos macabros fico tentando achar
alternativas e acho que gostaria de ser enterrado em lugar onde eu tivesse a
liberdade de sair, caso acordasse e ai teria descoberto que não havia morrido.
Selar um morto a morte, colocando ele a sete palmos debaixo da terra ou selando
sua sepultura ou gaveta com cimento, ou mesmo queimando o corpo, me parece tétrico.
Na verdade já
viajei nestes pensamentos da morte, algumas vezes nestes 57 anos que tenho de
vida. Vive bastante já. Tem gente que vai embora bem rapidinho ou mais cedo do
que o tempo que já vivi. Meu plano de vida pessoal é chegar aos 100 anos, de
boa. Logo me sinto jovem, estou na metade do caminho. Tenho saúde, força, animo
trabalho, alegria, sonhos, motivações e ambições. To cheio de motivos para
viver e viver muito. Oxalá eu viva até Cristo voltar e em um piscar de olhos eu
possa passar pela morte, logo esta história de funeral, tumulo, etc., no meu
caso passaria batido por ela.
Fico
pensando nos 76 mortos da tragédia do avião da Chapecoense. Na verdade esta
tragédia é diferente de todas as outras tragédias de um acidente aéreo. Já teve
inúmeros acidentes aéreos no mundo inteiro, onde morreram muito mais pessoas do
que estas 76 da Chapecoense. Logo o que
tem de tão agravante neste acidente que comoveu o mundo? Posso tentar explicar
o meu ponto de vista, mas, por favor, não estou menosprezando outras mortes e
outros acidentes em detrimento deste da Chapecoense.
Em outros
acidentes aéreos as mortes eram avulsas, na verdade as pessoas estavam no vôo e
não se conheciam, eram passageiros indo para o mesmo destino. No vôo da
Chapecoense, era uma comunidade viajando junto, eram amigos de vida e amigos
profissionais, todos sabiam quem era quem pelo nome, não eram passageiros
avulsos buscando um mesmo destino, era uma cidade inteira que estava sendo
representada por seus atletas em uma viajem festiva e emotiva. A dor desta
catástrofe tem seu foco maior concentrado em um só lugar, em Chapecó. O mundo sente e chora pelo grito de dor de
Chapecó.
Pensar na
morte destes atletas, dos profissionais que ganhavam a vida trabalhando para
cobrir este evento esportivo, e meio estranho para mim. O que será que eles
pensaram momentos antes da queda, qual foi à escolha de cada um, a melhor
posição dentro do avião para tentar se proteger e sair vivo desta, qual o
sentimento dos segundo finais antes do aborto de suas vidas? Não acredito em destino de tragédias. Aquela
história de que morreu por que chegou à hora. Nesta tragédia do avião do
Chapecó houve um erro humano ou mecânico, e caso não houvesse eles não teriam
morrido, logo a morte foi induzida, não natural. Para mim isso neste caso isso
foi um aborto de vida. Não acredito que Deus chamou a todos na sua presença.
Alguém errou na prevenção a antecipou a ida de todos ao encontro de Deus. É
diferente.
Apenas 5 das
81 vidas dentro do avião até o momento estão respirando o sopro da vida. Estes
cincos podem contar e testemunharem para o mundo o que viveram e como
sobreviveram. Que bom, apesar da desgraça, que cinco podem ainda de alguma
forma alongar a vida em pensamentos dos 76 que morreram.
Uma cidade,
um estado, um país, o mundo, vive um luto de 76 vidas que se foram. No meio
desta tragédia toda, parei um pouco novamente como já fiz em outras vezes, em
outras ocasiões, como disse anteriormente, para pensar no fim dos fins, na
morte como um fato corrente de vida. No meu eu fico pensando; nada vai comigo
de material, talvez o que vou levar é meus pensamentos, minhas idéias de vida,
meu último olhar para mundo, não o mundo em geral, mas o meu último olhar para
o meu mundo pessoal, que gira em tornos dos meus e de minha família. Meu globo
de vida é pequeno, meu mundo pessoal é restrito, mas adoro viver nele, ao lado
dos meus queridos. Oxalá chegue aos 100 anos, afinal este é meu projeto de
vida.
Boa
semana!
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