Solidão, desespero, tristeza, falta de dinheiro, sem local para morar, sem amigos ou parentes por perto, ajudaram para o descuido de Robermar e ele conseguiu transformar um câncer 100% curável em uma doença grave.
No dia a
dia de nossas vidas as coisas se tornam tão automáticas que às vezes passamos
muitos dias, meses, anos sem pensarmos na possibilidade de que um dia vamos ter
que deixar este mundo, nosso trabalho, conhecidos, amigos, esposo (a), filhos e
todas as nossas conquistas para trás, conquistas sentimentais, amorosas,
familiares, de ambição, de sonhos, de realizações pessoais, de conforto, de
tristezas, de alegrias e financeiras. A vida em muitos casos para nós humanos
parece ser eterna. Este sentimento de imortalidade nos projeta para uma vida
mais cheia, mais repleta, mais segura, mais única, mais imortalizada, mais
intensa, no entanto se vivêssemos com algum medo ou restrição constante, mesmo
que fosse um medo comedido, mas que nos acompanhasse diariamente, talvez todos
nós seríamos um pouco mais condescendentes com nos mesmos e com o nosso próximo,
no que diz respeito a vida. Todos nós
vivemos e temos sim algumas restrições ou alguns medos constantemente, que nos
incentivam a honestidade, a termos certas condutas, que moldam de alguma forma
nosso caráter, que rotulam a nossa mente, consciente ou inconsequentemente.
Temos leis de transito, leis dos estados, dos países: leis sociais de toda a
sorte, de toda ordem, mesmo que de divirjam de estado para estado, de um país
para outro, mas em suma todas têm por objetivo moldar a conduta de um ser
humano, ou puni-lo por estar fora delas.
Contudo não
temos leis controladoras que moldam a nossa vida, nosso corpo, nosso eu de ser
e nosso espírito. Essas são tão pessoais
que muitas vezes ficam em segundo plano, que só nos damos conta delas na
fatalidade quando perdemos a corrente elétrica a tal ponto que nosso corpo não
pega mais sozinho, precisa de um ‘jumpstart’ para sair de onde parou. Ai descobrimos
que nossa maquina corporal, alimentada por sangue, está em desacordo, está com
defeito. Mesmo assim ainda relaxamos com nós mesmos. Não reparamos o que
precisa ser consertado, pois achamos que dentro de nos mesmo temos o poder para
reparar tal estrago. Este tipo de pensamento atropela o tempo de vida do nosso
corpo da nossa mente, do nosso espírito carnal, do nosso destino, e quando
vamos atrás de ajuda, nas oficinas humanas - os hospitais - e buscamos os
mecânicos especialistas para a nossa maquina cheia de micro ramos sanguíneos
que contem o sopro da vida, o nosso corpo - os médicos – na maioria das vezes
tudo tem concerto, e o reparo e fácil, baratinho, porém muitas vezes é tarde
demais.
A história de vida do Robermar
Robermar dos Santos, 45 anos, divorciado, tem
dois filhos adultos (19 e 24 anos), oriundo de Minas Gerais, foi levado para Goiás
pelos familiares aos 7 anos após a morte do pai. Sua história de vida no Brasil
foi de sucesso; trabalhou muitos anos em farmácias e depois montou sua própria
companhia no ramo de vendas de materiais de construção. Robermar quebrou no
Brasil, e viu no USA uma oportunidade de ganhar algum dinheiro e pagar os
estudos dos filhos. Com este objetivo chegou ao estado da Geórgia/USA em 2007,
onde viveu e trabalhou por 4 anos. Neste ínterim sua ex-esposa no Brasil, mãe
dos seus filhos, mudou para Espanha levando o filho mais novo com ela, com o
mesmo objetivo, ganhar alguma dinheiro para educação dos filhos, na Europa. Depois
de algum tempo na Espanha descobriu que estava com um câncer de mama, procurou
ajuda na Espanha e após um tratamento por lá os médicos disseram para ela na
época que o caso dela não tinha cura e aconselharam ela voltar para o Brasil.
Acabou voltando para casa e curou no Brasil o câncer de mama, o mesmo que os
médicos da Espanha disseram não ter mais cura, contudo há dois anos teve outro
câncer nos ossos, ela não resistiu e acabou falecendo.
Mudança para Massachusetts
Robermar
não estava ganhando muito na Geórgia e mudou para Massachusetts, acreditando em
uma maior oferta de empregos para ganhar mais. Isso já faz 3 anos. Foi morar em
Lowell, alugou um quarto com outros brasileiros e trabalhava como entregador de
pizza na cidade. Desconhecendo ter parentes ou amigos por perto, levava uma
vida solitária de trabalho e enviava todo o dinheiro que ganhava para os filhos
no Brasil.
A descoberta do câncer
Do nada Robermar
descobriu uma ferida pequena nos testículos, não levou muito a sério, até ela
começar a prosperar. Sem um plano de saúde, tentou procurar ajuda nos hospitais
da redondeza de Lowell, não conseguiu atendimento, com fortes dores sem
condição de trabalhar e pagar o aluguel do quarto, e para não incomodar seus
colegas de residência, saiu de casa e foi morar no carro, omitiu de todos o que
estava acontecendo com ele, inclusive os filhos e parentes no Brasil. Reservado
e discreto achou que poderia superar seus problemas sozinho. Ficou uma semana
morando no carro e quando viu que não iria conseguir suportar a dor dos testículos,
parou o carro no estacionamento do hospital de Lowell e telefonou para
emergência do hospital dizendo; ‘Estou aqui no meu carro no estacionamento,
estou passando muito mal, não consigo me mexer e vou morrer aqui, preciso de
ajuda’. Em questão de segundos tinha uma equipe com cadeira de rodas que o
levaram para ser atendido. A partir daí foi diagnosticado que ele tinha um
câncer nos testículos e alguns dias depois foi removido para o Hospital Beth
Israel de Boston, especializado neste tipo de tratamento. Ele foi transferido
para este hospital um dia depois do thanksgiving e esta lá até hoje.
Robermar,
sem amigos, sem parentes, sem emprego, sem Free Care, foi operado e perdeu
todos os órgãos genitais, mesmo assim os médicos não conseguiram eliminar por
completo o seu câncer. A partir daí começou a reviver na sua mente o que a sua
ex-esposa mãe dos filhos já havia passado; os médicos de Boston assim como foi
dito a sua ex-mulher na Espanha disseram que o caso dele não tem mais cura e o
aconselharam a voltar para o Brasil e tentar reverter a sua doença por lá,
entretanto Robermar nem tem onde morar aqui nos USA, muito menos dinheiro para
bancar a sua volta ao Brasil
A pressão hospitalar e a ajuda da enfermeira Cláudia Bisognin
O hospital
Beth Israel começou a pressionar para ele sair queriam dar alta para ele, mas
como ele não tem para onde ir, não pode mandá-lo embora. A assistente social do
hospital estava buscando um casa de asilo que tivesse o mínimo de condição para
cuidar dele. Neste meio tempo ele conheceu a enfermeira Cláudia Bisognin,
natural de Santa Maria, RS, que trabalha há 10 anos como Enfermeira Oncologista
no Beth Israel Deacones Medical Center de Boston – Esta unidade do hospital é
especializada em Oncologia e Transplante de Medula Óssea, a partir daí a sorte de
Robermar começou a se transformar. Cláudia se sensibilizou com a história de
Robermar, e procurou ajuda com seus amigos do Sul aqui em Boston na semana
passada, o CTG 100 Fronteiras localizado em Everett. O patrão do CTG, Serjão
assim como o Zé Luiz, Eliseu Soares e suas esposas e os associados prontamente
se colocaram a disposição para ajudar. Neste meio tempo eles tem se revezado
indo ao hospital visitar Robermar todos os dias.
A ajuda financeira sem interesse para um desconhecido
A direção
do CTG em praticamente 4 dias organizaram um jantar onde toda a renda seria
destinada para o Robermar. O jantar foi neste último sábado, 4 a noite. O CTG
está em reformas e a inauguração oficial da estava programada para o próximo
final de semana, 11 de janeiro. Tudo foi para o saco, e o CTG fez o Jantar Beneficente
mesmo sem ter terminado a sua reforma, nas condições que estava, em meio as
obras. Estiveram presentes no jantar mais de 80 associados e amigos do CTG,
todos foram avisados de última hora que haveria um jantar, contudo todos se
sensibilizaram com o Robermar. O jantar como sempre no CTG, que vive sem fins
lucrativos tinha um preço simbólico de custo, e o dinheiro arrecado do jantar
deu em torno de $2,000.00 dólares. No final do jantar a direção do CTG; Serjão,
Zé Luiz e o Eliseu agregados a enfermeira Cláudia, fizeram um relato do caso do
Robermar a todos os presentes e deram o total do que arrecadaram com o jantar,
o dinheiro arrecadado não era suficiente para pagar as despesas de Robermar até
o Brasil. Logo depois do que eles falaram todas aquelas famílias, indivíduos
associados que estavam presentes no jantar começaram a fazer doações espontâneas
e foram colocando dinheiro em um mesa, em questão de segundos eles tinha mais
de $2,000.00 dólares na mesa, uma cena linda e comovente de se ver, a
verdadeira solidariedade, empatia em ação, sem requerer nada em troca, principalmente
por ser uma solidariedade a um total desconhecido, o Robermar. Nos dias
seguintes ao jantar as doações continuaram a chegar, hoje este numero
arrecadado esta bem mais alto (até o fechamento desta edição não obtivemos o
valor exato do tal da arrecadação), ele vai precisar de muito dinheiro, para a
troca de curativos (três vezes por dia), ir urgente a médico particular, para
ser encaminhado ao SUS, sem muita espera e também para dar um seguimento na sua
vida no Brasil e se tratar, vencer a doença.
A virada de rumo na vida de Robermar
O pacato,
introvertido, sem casa, sem dinheiro, sem amigos vai voltar para o Brasil,
nesta sexta-feira, 10 de janeiro. Vai sair de Boston direto do Hospital para o
aeroporto as 13h:30min no Terminal A. Vai voar pela companhia Delta até Atlanta
e de Atlanta vai em um vôo direto até Brasília. Robermar tinha uma companheira
na Geórgia, hoje ela tem outro companheiro. Ela não sabia da gravidade do estado
de saúde do Robermar, contudo sabia que ele estava no hospital. Ele não podia
pagar a conta do telefone dele, estava totalmente sem dinheiro, ela lá da
Geórgia, mesmo tendo outro companheiro sempre foi solidaria ao Robermar, pagou
a conta do telefone dele e habilitou seu celular, assim mesmo estando no
hospital ele podia falar com os filhos e parentes no Brasil. Ela foi acionada
pelo CTG para acompanhar o Robermar até Goiás, ele precisava de um
acompanhante, não poderia viajar sozinho nestas condições. Quando recebeu a
ligação dos membros do CTG, fazendo tal solicitação ficou espantada com o
relato da real situação de Robermar, ela até então não tinha conhecimento da
gravidade da coisa. Pediu alguns minutos para falar com seu atual companheiro
para ter o aval dele para ela viajar com Robermar até o Brasil, pra levá-lo
para casa dele e perto dos seus amigos, filhos e familiares. O seu companheiro
de pronto aprovou a sua ida. Ela se propôs em segundos a deixar tudo para traz,
trabalho, compromissos, obrigações com seu atual companheiro, para também andar
esta segunda milha, oferecendo este sacrifício de solidariedade e de humanidade
a um homem que precisava de sua ajuda, o Robermar. Nobreza da parte dela e
muito mais do seu atual companheiro. Mais do que isso com o engajamento
sincronizado da comunidade do CTG mobilizou mais de 200 pessoas em 6 dias,
todos sem exceção deram a sua contribuição. O Robermar hoje tem uma legião de
amigos em Boston, amigos que ele nunca viu e nem vai ver, mas que torcem por
cada segundo de sua vida. Ele também ganhou novos amigos no Brasil como é caso
da Rebeca Romero, que mora em Goiás, que depois de um contato da direção do CTG
explicando o caso do Robermar, se comoveu com as dificuldades dele e se
empenhou, se desdobrou em duas e conseguiu uma ambulância com médico e
equipamentos necessários para levar Rebermar de Brasília a Goiás, de graça. Ela
Rebeca se identifica muito com a nossa comunidade brasileira de Boston, é
prestativa e solidaria e tem uma beleza interior extraordinária, ela fez um
mestrado aqui na Harvard, conhece a nossa comunidade e até hoje se sente como
se ainda fosse parte dela, e na verdade esta provando que se sempre vai ser.
Inclusive já escreveu varias matérias para o Hello Brasil News no período que
viveu por aqui.
A ajuda consular neste caso
A direção
do CTG chegou a fazer um contato com Diplomata Wellington Sodré, responsável
para dar assistência social aos brasileiros necessitados de Boston. A direção
do CTG queria a ajuda consular para pagar uma passagem para Robermar voltar
para casa. Contudo o tempo não permitiu
enviar um e-mail para o consulado de Boston, que depois enviaria para o
Itamaraty e ai sim possivelmente teríamos uma resposta do governo brasileiro se
liberaria a verba ou não para Robermar. A comunidade no caso do Robermar provou
que quando quer e se empenha pode resolver seus problemas sozinha, como foi o
caso dele. As doações aumentaram, o preço da passagem teve um desconto anormal
e o dinheiro arrecadado pelo CTG, deu para pagar todos os custos, isso em um
tempo recorde de apenas 6 dias de empenho. De qualquer forma o CTG 100
Fronteiras agradece ao Diplomata Wellington, pela pronta presteza,
solidariedade, atenção e empenho a Direção do CTG ao telefone.
Descoberta de parentes em Massachusetts
Neste
meio tempo no hospital de Boston, Robermar foi descoberto por um primo que mora
na cidade de Worcester, mas que ele nem sabia que existia, o Sergio. Eles já
ativaram relações, o Sergio e sua família já foram no Hospital e fazem visitas
constantes para Robermar. Para quem não tinha amigos, parentes aqui nos USA,
Robermar no meio da sua dor, antes de ir embora para o Brasil, descobriu que
onde a gente pensa que não tem ninguém pela gente, existe um batalhão de anjos
para nos ajudar e nos servir, tem muita gente boa neste mundo.
Saúde de Robermar hoje
Ele
consegue andar com dificuldades, mas anda, precisa cicatrizar o local da
cirurgia, isso pode levar algum tempo, usa sonda constantemente, precisa de
quimioterapia, e outros cuidados mais, ele fez só radioterapia em Boston. Ele
precisa trocar o curativo de 6 em seis horas, no máximo de 8 em 8hs. Sua mãe e
seus filhos, que ainda não sabem da gravidade da sua doença, sabem que ele está
doente, mas ele não quer revelar a gravidade, para não criar um clima de pânico
nos seus filhos e familiares, uma vez que eles já sofreram muito a pouco tempo
atrás com a morte da sua ex-mulher, também por câncer. Existe o risco de morte
para Robermar, sim, mas não durante a viajem, mas também tem chance de viver, e
viver muitos anos, mais do que isso ele esta lutando para viver, e têm planos e
sonhos para o futuro.
Importante sobre câncer dos testículos
Câncer
nos testículos e um câncer totalmente curável, se tratado a tempo. Ele costuma
a parecer em homens com uma média de idade de 24 a 50 anos. Começa com uma
dorzinha e provoca um inchaço no local que ganha volume.
Mensagem de Robermar a comunidade
Robermar,
na sua cama do hospital, falou a nossa reportagem o quanto está agradecido a
todas estas pessoas que se envolveram, oraram e o ajudaram. Ele nunca vai e
esquecer tanta solidariedade em tão pouco tempo de tanta gente. ‘Não sabia que
muitos membros da nossa comunidade brasileira em Boston eram tão solidários,
prestativos, atenciosos que descobriam tempo onde não existe tempo para ajudar
quem eles nem conhecem e talvez nunca venham a conhecer, no caso eu. Sei que
muitos vivem o puro amor de Cristo e aqueles que não são Cristão de alguma
forma tem um Deus dentro deles que fala com eles e toca seus corações, na hora
da dor, da solidão, da compaixão. Vou viver, quero viver, e vou ficar bom
independente do que os médicos me falaram aqui, estou debilitado, mas não
morto, tenho o sopro da vida, estou cada dia me sentindo melhor. Perdi parte do
meu corpo, mas não o prazer de viver. Obrigado a todos do CTG 100 Fronteiras
que me ajudaram, todos aqueles que não são do CTG também e a minha madrinha
protetora no hospital a Cláudia Bisognin. Se ela não tivesse pedido ajuda, hoje
o meu destino seria outro’.
Se você quer ajudar o
Robermar pode fazê-lo a qualquer tempo, basta ligar para o CTG 100 Fronteiras/Everett:
Serjão – 617.438.4009
Zé Luiz – 978.590.1322
Se você quer visitar
o Robermar está semana, antes de sexta-feira é só ir até o hospital:
Beth Israel Deaconess Medical Center
330 Brookline AveBoston – MA
11 Reisman / East Campus
11 andar – Quarto 1173
HBN – Paulo Monauer
Fotos Paulo Monauer e
divulgaçãowww.hellobrasilnews.com
www.paulomonauer.com
facebook - Hello Brazil News
No comments:
Post a Comment