Prezado
Paulo Monauer,
De férias em Boston para visitar a
família, li a matéria que você publicou na edição 128, datada de 16/12/2013 e
intitulada “Consulado de Boston”. Como a matéria cita o meu nome repetidamente,
permito-me esclarecer alguns pontos nela contidos.
Em primeiro lugar, gostaria de expressar
meu desapontamento com o teor geral da matéria, muito negativo sobre as novas
instalações do Consulado para as quais tanto trabalharam os funcionários do
Consulado na minha gestão, na gestão interina e na atual, todas com amplo apoio
da comunidade brasileira e das autoridades em Brasília. Não creio que tal
negativismo seja benéfico para o moral de todos os que tanto trabalharam e
trabalham para a contínua melhora do Consulado.
Em segundo lugar, a matéria deixa de
reconhecer as enormes vantagens trazidas para a comunidade pelas novas
instalações. Basta lembrar que os brasileiros não mais estão sujeitos a
apresentação de documentos para ingresso no Consulado como antes; que agora
contam com espaços mais amplos, modernos e arejados; que são atendidos na mesma
visita para todos os serviços de que necessitam; que podem deixar suas crianças
em espaço especialmente destinado a esse fim com mesinhas e cadeirinhas
infantis; que dispõem agora de banheiros masculinos e femininos sem necessidade
de obtenção de chaves etc. Isto tudo significou esforço administrativo e
financeiro por parte do governo brasileiro em momento de contenção
orçamentária.
Gostaria agora de passar a pontos
específicos.
Setores
comercial e cultural
Entre as muitas promessas a mim atribuídas
encontra-se a de que, no quarto andar do novo prédio, haveria “um setor
cultural e comercial para uso do consulado e da comunidade, e seria um espaço
para incrementar o programa de bolsas de estudos da Presidente Dilma”(sic).
Segundo sua matéria, esta idéia teria sido “abortada”, desconhecendo-se para
que fim estaria sendo usada, mas a comunidade não pode usar este espaço
legítimo dela para atividades culturais” (sic). Sua conclusão é de que o
“Projeto foi refugado pela Ministra” (sic).
Cabem aqui alguns esclarecimentos. O
primeiro é o de que a criação de setores comercial e cultural, por aumentar
gastos públicos, depende de autorização de Brasília e não apenas de uma
recomendação do Cônsul em exercício. Em segundo lugar, tais setores são criados
nas embaixadas e consulados para a promoção de exportação de produtos e
serviços produzidos no Brasil e para a divulgação da cultura brasileira por
meio da vinda do Brasil de exposições, artistas, músicos, filmes etc. Não se
trata, portanto, de projeto voltado à comunidade brasileira a qual porém dele
pode se beneficiar ao ver o País mais presente por meio de seus produtos e
serviços ou de sua cultura. Em terceiro lugar, cabe ressaltar que o programa de
bolsas de estudos do governo (Ciência sem Fronteiras) desenvolveu-se enormente
no Consulado neste últimos meses, graças à dedicação da funcionária contratada
para esse fim, instalada, aliás, num dos andares superiores do novo edifício.
“Maquinário
interno e atendimento”
Sob o título acima, sua matéria contem
afirmações categóricas sobre temas tais como leasing de computadores, sistema
telefônico e atendimento.
Computadores
A mim é atribuída a promessa de um “novo
contrato de leasing com uma companhia de computadores e afins, isso vai sempre
nos permitir ter sempre um equipamento de ponta, para o atendimento”(sic). De
fato, o contrato foi assinado ainda durante minha gestão, graças ao apoio de
Brasília, e os computadores hoje são muito superiores aos de antes. Consequentemente,
o consulado se beneficiou desse novo equipamento. A acusação de que “os
equipamentos são de baixa qualidade” certamente não se aplica a tais
computadores. Há no texto menção a “aparelho que foi disponibilizado ao uso
público e de uma baixa qualidade extrema”. Difícil saber a que equipamento a
matéria se refere. Se disser respeito a equipamentos que compõem o Sistema
Consular Integrado, estes devem necessariamente seguir o padrão de todos os
demais consulados, não podendo ser objeto de leasing local.
Sistema
telefônico
A mim é atribuída frase segundo a qual o
“atendimento do telefone” seria, no novo edifício, “problema do passado”. Acabo
de visitar, pela primeira vez, as novas instalações do Consulado e posso
testemunhar contar este agora com novos aparelhos e sistema telefônico moderno
e eficiente. Tal como em outras repartições consulares junto a comunidades
numerosas, o volume de chamadas não permite infelizmente atendimento sem
intermediação de gravação preliminar esclarecedora de pontos frequentemente
demandados. Observo, no entanto, que o consulado conta agora com um funcionário
em um andar superior dedicado exclusivamente ao atendimento telefônico após o
final da gravação.
Atendimento
A mim é atribuída promessa de que no novo
edifício os funcionários não mais seriam especializados e que, portanto, o
público não mais teria que agendar encontros diferentes para ter suas
necessidades atendidas. Nesta minha visita a Boston, constato com prazer estar
em pleno funcionamento este novo sistema, que exigiu treinamento e muito
esforço de adaptação de funcionários antes acostumados a tratar apenas de um
assunto.
Outros temas
Bandeira e escudo
Recordo ter me comprometido junto a
membros do Conselho dos CidadAoes a obter do locador e das autoridades locais
autorização para instalação de mastro e bandeira brasileira na fachada do
edifício, algo que não era possível nas instalações anteriores. A meu pedido, o
locador examinou a questão junto a autoridades locais e gentilmente forneceu
bandeira que atende as exigencias locais e arquitetônicas do edifício.
Foi ademais colocado na entrada do edifício o escudo fornecido pelo governo
brasileiro que, antes, encontrava-se no interior do consulado.
Transferências
de diplomatas
De forma contundente, seu artigo afirma
ter havido um “desmanche” do Consulado por terem sido transferidos diplomatas
que encontravam-se em Boston durante minha gestão. Constato ter sido mantida a
mesma lotação do Consulado: um diplomata que se encontrava durante minha gestão
retornou a Brasília uma vez terminado seu prazo regulamentar e foi substituído
por outro.
Resumo
Em resumo, constato com grande satisfação
ter encontrado todas as minhas "promessas" cumpridas. Constato
ademais que, durante o ano de 2013 muitas melhoras foram efetuadas tais como :
senha única de atendimento para todos os serviços; ampliação do número de
janelas para atendimentos; novos equipamentos que agilizarão o atendimento em
2014; redução dos prazos de agendamento de serviços consulares; consulados
itinerantes mais freqüentes; e serviços gratuitos de apoio e orientação
psicológica. Sobretudo, houve incremento substancial das atividades de
assistencia consular. Vários casos delicados e complexos foram objeto de
atenção prioritária de diplomatas e funcionários.
Próxima
matéria no Hello Brasil
Sua matéria anuncia, ao final, novas
críticas na edição da próxima semana. Caso meu nome seja novamente mencionado,
espero ter a oportunidade de ser ouvido para esclarecer outros pontos que
possam ser levantados. Estarei em Boston até o dia 5 de janeiro e poderei ser
alcançado a qualquer momento neste endereço eletrônico.
Fernando Mello Barreto
Resposta
do Hello:
Embaixador
Fernando Mello Barreto,
Obrigado por seu contato e seu e-mail explicativo.Temos algumas
divergências no que diz respeito à matéria publicada pelo Hello, encaro isso
com muita normalidade, e se eu estiver
errado terei o maior prazer em corrigir alguma coisa. Trabalho na mídia há 14
anos e procuro ser o mais correto possível dentro do meu entendimento pessoal e
profissional.
Tenho muitas reclamações do consulado oriundas da comunidade, e por
outro lado tem alguns elogios também. Procuro balançar as denuncias e os
elogios, mas tem certas coisas que ficam meio absurdas no contexto.
O consulado melhorou concordo, mas isso não significa que o meu papel na
mídia terminou, sou admirador do Sr. como um Diplomata, apesar não poder falar
a mesma coisa de todos os outros diplomatas do
consulado de Boston, até por que nem conheço todos. Qualquer um pode ter
acesso ao manual consular e verificar o que esta de acordo com as diretrizes do
Ministério de Relações Exteriores ou não, fica fácil ver os problemas, e isso
não é novidade para minha pessoa e nem para Sr. também. Independentemente disto
tenho bom senso, mas às vezes as coisas ficam tão gritantes, que me vejo na
obrigação de fazer uma matéria ou outra.
O melhor parâmetro para a comunidade brasileira de Boston, e o consulado
mais próximo de Boston, por que podemos vivenciar e analisar os dois, neste
caso falo sobre o de Hartford, CI. Embaixador lá o serviço em geral é exemplar,
o que não podemos falar o mesmo de Boston. Lá não tem muita desculpa, tem é
soluções dos problemas em um curto prazo, e por ai vai. Eu pergunto: E aqui em
Boston como é? A resposta o Sr. já sabe; temos poucos funcionários os recursos
não são suficientes, Brasília não libera mais dinheiro, etc, e por ai vai.
Os dois são novos, o de Boston e bem maior e mais novo ainda (falo das
instalações) os dois prestam o mesmo serviço, os dois têm as mesmas regras de
acordo com o manual geral consular, salvo uma ou outra peculariedade local e a
zona de atuação que divergem, mas em regra geral é para ser tudo mais ou menos
igual, e ai começam as divergências, pois ainda tem inúmeros brasileiros que
saem de Boston nos dias de hoje para ir a CI, mesmo depois de o novo consulado
estar em pleno funcionamento.
Será por que esta preferência? Para que viajar tudo isso, tendo um órgão
do governo aqui ao lado? O que será que lá é mais ético, mais a favor do
cidadão brasileiro, ou melhor, do que Boston?
Eu não tenho as respostas, só tenho como um trabalha e lida com publico
e como outro trabalha e lida com o publico, e ai coloco os dois pontos de
vista. Estamos com sede nova em Boston, mas isso não é o fim, é um novo inicio.
Sei que seu compromisso com Boston já
terminou, mas sem dúvida o senhor soube virar no tempo em esteve por aqui, um
retrospecto negativo para uma situação confortável do ponto de vista consular e
da comunidade local, mas nem todo mundo tem a sua habilidade, por isso
continuar o caminho e fazer a diferença para quem ficou, significa mostrar
serviço e fazer mais, não se acomodar com o que já foi conquistado, é ai que
bicho pega e o Hello entra.
Paulo
Monauer
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