Saturday, January 11, 2014

Câncer nos testículos atropela o mineiro Robermar

A luta do brasileiro para viver
Solidão, desespero, tristeza, falta de dinheiro, sem local para morar, sem amigos ou parentes por perto, ajudaram para o descuido de Robermar e ele conseguiu transformar um câncer 100% curável em uma doença grave.

 
 
 
No dia a dia de nossas vidas as coisas se tornam tão automáticas que às vezes passamos muitos dias, meses, anos sem pensarmos na possibilidade de que um dia vamos ter que deixar este mundo, nosso trabalho, conhecidos, amigos, esposo (a), filhos e todas as nossas conquistas para trás, conquistas sentimentais, amorosas, familiares, de ambição, de sonhos, de realizações pessoais, de conforto, de tristezas, de alegrias e financeiras. A vida em muitos casos para nós humanos parece ser eterna. Este sentimento de imortalidade nos projeta para uma vida mais cheia, mais repleta, mais segura, mais única, mais imortalizada, mais intensa, no entanto se vivêssemos com algum medo ou restrição constante, mesmo que fosse um medo comedido, mas que nos acompanhasse diariamente, talvez todos nós seríamos um pouco mais condescendentes com nos mesmos e com o nosso próximo, no que diz respeito a vida.  Todos nós vivemos e temos sim algumas restrições ou alguns medos constantemente, que nos incentivam a honestidade, a termos certas condutas, que moldam de alguma forma nosso caráter, que rotulam a nossa mente, consciente ou inconsequentemente. Temos leis de transito, leis dos estados, dos países: leis sociais de toda a sorte, de toda ordem, mesmo que de divirjam de estado para estado, de um país para outro, mas em suma todas têm por objetivo moldar a conduta de um ser humano, ou puni-lo por estar fora delas.

Contudo não temos leis controladoras que moldam a nossa vida, nosso corpo, nosso eu de ser e nosso espírito. Essas são tão pessoais  que muitas vezes ficam em segundo plano, que só nos damos conta delas na fatalidade quando perdemos a corrente elétrica a tal ponto que nosso corpo não pega mais sozinho, precisa de um ‘jumpstart’ para sair de onde parou. Ai descobrimos que nossa maquina corporal, alimentada por sangue, está em desacordo, está com defeito. Mesmo assim ainda relaxamos com nós mesmos. Não reparamos o que precisa ser consertado, pois achamos que dentro de nos mesmo temos o poder para reparar tal estrago. Este tipo de pensamento atropela o tempo de vida do nosso corpo da nossa mente, do nosso espírito carnal, do nosso destino, e quando vamos atrás de ajuda, nas oficinas humanas - os hospitais - e buscamos os mecânicos especialistas para a nossa maquina cheia de micro ramos sanguíneos que contem o sopro da vida, o nosso corpo - os médicos – na maioria das vezes tudo tem concerto, e o reparo e fácil, baratinho, porém muitas vezes é tarde demais.

A história de vida do Robermar

Robermar dos Santos, 45 anos, divorciado, tem dois filhos adultos (19 e 24 anos), oriundo de Minas Gerais, foi levado para Goiás pelos familiares aos 7 anos após a morte do pai. Sua história de vida no Brasil foi de sucesso; trabalhou muitos anos em farmácias e depois montou sua própria companhia no ramo de vendas de materiais de construção. Robermar quebrou no Brasil, e viu no USA uma oportunidade de ganhar algum dinheiro e pagar os estudos dos filhos. Com este objetivo chegou ao estado da Geórgia/USA em 2007, onde viveu e trabalhou por 4 anos. Neste ínterim sua ex-esposa no Brasil, mãe dos seus filhos, mudou para Espanha levando o filho mais novo com ela, com o mesmo objetivo, ganhar alguma dinheiro para educação dos filhos, na Europa. Depois de algum tempo na Espanha descobriu que estava com um câncer de mama, procurou ajuda na Espanha e após um tratamento por lá os médicos disseram para ela na época que o caso dela não tinha cura e aconselharam ela voltar para o Brasil. Acabou voltando para casa e curou no Brasil o câncer de mama, o mesmo que os médicos da Espanha disseram não ter mais cura, contudo há dois anos teve outro câncer nos ossos, ela não resistiu e acabou falecendo.

Mudança para Massachusetts

Robermar não estava ganhando muito na Geórgia e mudou para Massachusetts, acreditando em uma maior oferta de empregos para ganhar mais. Isso já faz 3 anos. Foi morar em Lowell, alugou um quarto com outros brasileiros e trabalhava como entregador de pizza na cidade. Desconhecendo ter parentes ou amigos por perto, levava uma vida solitária de trabalho e enviava todo o dinheiro que ganhava para os filhos no Brasil.

A descoberta do câncer

Do nada Robermar descobriu uma ferida pequena nos testículos, não levou muito a sério, até ela começar a prosperar. Sem um plano de saúde, tentou procurar ajuda nos hospitais da redondeza de Lowell, não conseguiu atendimento, com fortes dores sem condição de trabalhar e pagar o aluguel do quarto, e para não incomodar seus colegas de residência, saiu de casa e foi morar no carro, omitiu de todos o que estava acontecendo com ele, inclusive os filhos e parentes no Brasil. Reservado e discreto achou que poderia superar seus problemas sozinho. Ficou uma semana morando no carro e quando viu que não iria conseguir suportar a dor dos testículos, parou o carro no estacionamento do hospital de Lowell e telefonou para emergência do hospital dizendo; ‘Estou aqui no meu carro no estacionamento, estou passando muito mal, não consigo me mexer e vou morrer aqui, preciso de ajuda’. Em questão de segundos tinha uma equipe com cadeira de rodas que o levaram para ser atendido. A partir daí foi diagnosticado que ele tinha um câncer nos testículos e alguns dias depois foi removido para o Hospital Beth Israel de Boston, especializado neste tipo de tratamento. Ele foi transferido para este hospital um dia depois do thanksgiving e esta lá até hoje.

Robermar, sem amigos, sem parentes, sem emprego, sem Free Care, foi operado e perdeu todos os órgãos genitais, mesmo assim os médicos não conseguiram eliminar por completo o seu câncer. A partir daí começou a reviver na sua mente o que a sua ex-esposa mãe dos filhos já havia passado; os médicos de Boston assim como foi dito a sua ex-mulher na Espanha disseram que o caso dele não tem mais cura e o aconselharam a voltar para o Brasil e tentar reverter a sua doença por lá, entretanto Robermar nem tem onde morar aqui nos USA, muito menos dinheiro para bancar a sua volta ao Brasil

A pressão hospitalar e a ajuda da enfermeira Cláudia Bisognin

O hospital Beth Israel começou a pressionar para ele sair queriam dar alta para ele, mas como ele não tem para onde ir, não pode mandá-lo embora. A assistente social do hospital estava buscando um casa de asilo que tivesse o mínimo de condição para cuidar dele. Neste meio tempo ele conheceu a enfermeira Cláudia Bisognin, natural de Santa Maria, RS, que trabalha há 10 anos como Enfermeira Oncologista no Beth Israel Deacones Medical Center de Boston – Esta unidade do hospital é especializada em Oncologia e Transplante de Medula Óssea, a partir daí a sorte de Robermar começou a se transformar. Cláudia se sensibilizou com a história de Robermar, e procurou ajuda com seus amigos do Sul aqui em Boston na semana passada, o CTG 100 Fronteiras localizado em Everett. O patrão do CTG, Serjão assim como o Zé Luiz, Eliseu Soares e suas esposas e os associados prontamente se colocaram a disposição para ajudar. Neste meio tempo eles tem se revezado indo ao hospital visitar Robermar todos os dias.

A ajuda financeira sem interesse para um desconhecido

A direção do CTG em praticamente 4 dias organizaram um jantar onde toda a renda seria destinada para o Robermar. O jantar foi neste último sábado, 4 a noite. O CTG está em reformas e a inauguração oficial da estava programada para o próximo final de semana, 11 de janeiro. Tudo foi para o saco, e o CTG fez o Jantar Beneficente mesmo sem ter terminado a sua reforma, nas condições que estava, em meio as obras. Estiveram presentes no jantar mais de 80 associados e amigos do CTG, todos foram avisados de última hora que haveria um jantar, contudo todos se sensibilizaram com o Robermar. O jantar como sempre no CTG, que vive sem fins lucrativos tinha um preço simbólico de custo, e o dinheiro arrecado do jantar deu em torno de $2,000.00 dólares. No final do jantar a direção do CTG; Serjão, Zé Luiz e o Eliseu agregados a enfermeira Cláudia, fizeram um relato do caso do Robermar a todos os presentes e deram o total do que arrecadaram com o jantar, o dinheiro arrecadado não era suficiente para pagar as despesas de Robermar até o Brasil. Logo depois do que eles falaram todas aquelas famílias, indivíduos associados que estavam presentes no jantar começaram a fazer doações espontâneas e foram colocando dinheiro em um mesa, em questão de segundos eles tinha mais de $2,000.00 dólares na mesa, uma cena linda e comovente de se ver, a verdadeira solidariedade, empatia em ação, sem requerer nada em troca, principalmente por ser uma solidariedade a um total desconhecido, o Robermar. Nos dias seguintes ao jantar as doações continuaram a chegar, hoje este numero arrecadado esta bem mais alto (até o fechamento desta edição não obtivemos o valor exato do tal da arrecadação), ele vai precisar de muito dinheiro, para a troca de curativos (três vezes por dia), ir urgente a médico particular, para ser encaminhado ao SUS, sem muita espera e também para dar um seguimento na sua vida no Brasil e se tratar, vencer a doença.

A virada de rumo na vida de Robermar

O pacato, introvertido, sem casa, sem dinheiro, sem amigos vai voltar para o Brasil, nesta sexta-feira, 10 de janeiro. Vai sair de Boston direto do Hospital para o aeroporto as 13h:30min no Terminal A. Vai voar pela companhia Delta até Atlanta e de Atlanta vai em um vôo direto até Brasília. Robermar tinha uma companheira na Geórgia, hoje ela tem outro companheiro. Ela não sabia da gravidade do estado de saúde do Robermar, contudo sabia que ele estava no hospital. Ele não podia pagar a conta do telefone dele, estava totalmente sem dinheiro, ela lá da Geórgia, mesmo tendo outro companheiro sempre foi solidaria ao Robermar, pagou a conta do telefone dele e habilitou seu celular, assim mesmo estando no hospital ele podia falar com os filhos e parentes no Brasil. Ela foi acionada pelo CTG para acompanhar o Robermar até Goiás, ele precisava de um acompanhante, não poderia viajar sozinho nestas condições. Quando recebeu a ligação dos membros do CTG, fazendo tal solicitação ficou espantada com o relato da real situação de Robermar, ela até então não tinha conhecimento da gravidade da coisa. Pediu alguns minutos para falar com seu atual companheiro para ter o aval dele para ela viajar com Robermar até o Brasil, pra levá-lo para casa dele e perto dos seus amigos, filhos e familiares. O seu companheiro de pronto aprovou a sua ida. Ela se propôs em segundos a deixar tudo para traz, trabalho, compromissos, obrigações com seu atual companheiro, para também andar esta segunda milha, oferecendo este sacrifício de solidariedade e de humanidade a um homem que precisava de sua ajuda, o Robermar. Nobreza da parte dela e muito mais do seu atual companheiro. Mais do que isso com o engajamento sincronizado da comunidade do CTG mobilizou mais de 200 pessoas em 6 dias, todos sem exceção deram a sua contribuição. O Robermar hoje tem uma legião de amigos em Boston, amigos que ele nunca viu e nem vai ver, mas que torcem por cada segundo de sua vida. Ele também ganhou novos amigos no Brasil como é caso da Rebeca Romero, que mora em Goiás, que depois de um contato da direção do CTG explicando o caso do Robermar, se comoveu com as dificuldades dele e se empenhou, se desdobrou em duas e conseguiu uma ambulância com médico e equipamentos necessários para levar Rebermar de Brasília a Goiás, de graça. Ela Rebeca se identifica muito com a nossa comunidade brasileira de Boston, é prestativa e solidaria e tem uma beleza interior extraordinária, ela fez um mestrado aqui na Harvard, conhece a nossa comunidade e até hoje se sente como se ainda fosse parte dela, e na verdade esta provando que se sempre vai ser. Inclusive já escreveu varias matérias para o Hello Brasil News no período que viveu por aqui.

A ajuda consular neste caso

A direção do CTG chegou a fazer um contato com Diplomata Wellington Sodré, responsável para dar assistência social aos brasileiros necessitados de Boston. A direção do CTG queria a ajuda consular para pagar uma passagem para Robermar voltar para casa.  Contudo o tempo não permitiu enviar um e-mail para o consulado de Boston, que depois enviaria para o Itamaraty e ai sim possivelmente teríamos uma resposta do governo brasileiro se liberaria a verba ou não para Robermar. A comunidade no caso do Robermar provou que quando quer e se empenha pode resolver seus problemas sozinha, como foi o caso dele. As doações aumentaram, o preço da passagem teve um desconto anormal e o dinheiro arrecadado pelo CTG, deu para pagar todos os custos, isso em um tempo recorde de apenas 6 dias de empenho. De qualquer forma o CTG 100 Fronteiras agradece ao Diplomata Wellington, pela pronta presteza, solidariedade, atenção e empenho a Direção do CTG ao telefone.

Descoberta de parentes em Massachusetts

Neste meio tempo no hospital de Boston, Robermar foi descoberto por um primo que mora na cidade de Worcester, mas que ele nem sabia que existia, o Sergio. Eles já ativaram relações, o Sergio e sua família já foram no Hospital e fazem visitas constantes para Robermar. Para quem não tinha amigos, parentes aqui nos USA, Robermar no meio da sua dor, antes de ir embora para o Brasil, descobriu que onde a gente pensa que não tem ninguém pela gente, existe um batalhão de anjos para nos ajudar e nos servir, tem muita gente boa neste mundo.

Saúde de Robermar hoje

Ele consegue andar com dificuldades, mas anda, precisa cicatrizar o local da cirurgia, isso pode levar algum tempo, usa sonda constantemente, precisa de quimioterapia, e outros cuidados mais, ele fez só radioterapia em Boston. Ele precisa trocar o curativo de 6 em seis horas, no máximo de 8 em 8hs. Sua mãe e seus filhos, que ainda não sabem da gravidade da sua doença, sabem que ele está doente, mas ele não quer revelar a gravidade, para não criar um clima de pânico nos seus filhos e familiares, uma vez que eles já sofreram muito a pouco tempo atrás com a morte da sua ex-mulher, também por câncer. Existe o risco de morte para Robermar, sim, mas não durante a viajem, mas também tem chance de viver, e viver muitos anos, mais do que isso ele esta lutando para viver, e têm planos e sonhos para o futuro.  

Importante sobre câncer dos testículos

Câncer nos testículos e um câncer totalmente curável, se tratado a tempo. Ele costuma a parecer em homens com uma média de idade de 24 a 50 anos. Começa com uma dorzinha e provoca um inchaço no local que ganha volume.

Mensagem de Robermar a comunidade

Robermar, na sua cama do hospital, falou a nossa reportagem o quanto está agradecido a todas estas pessoas que se envolveram, oraram e o ajudaram. Ele nunca vai e esquecer tanta solidariedade em tão pouco tempo de tanta gente. ‘Não sabia que muitos membros da nossa comunidade brasileira em Boston eram tão solidários, prestativos, atenciosos que descobriam tempo onde não existe tempo para ajudar quem eles nem conhecem e talvez nunca venham a conhecer, no caso eu. Sei que muitos vivem o puro amor de Cristo e aqueles que não são Cristão de alguma forma tem um Deus dentro deles que fala com eles e toca seus corações, na hora da dor, da solidão, da compaixão. Vou viver, quero viver, e vou ficar bom independente do que os médicos me falaram aqui, estou debilitado, mas não morto, tenho o sopro da vida, estou cada dia me sentindo melhor. Perdi parte do meu corpo, mas não o prazer de viver. Obrigado a todos do CTG 100 Fronteiras que me ajudaram, todos aqueles que não são do CTG também e a minha madrinha protetora no hospital a Cláudia Bisognin. Se ela não tivesse pedido ajuda, hoje o meu destino seria outro’.

Se você quer ajudar o Robermar pode fazê-lo a qualquer tempo, basta ligar para o CTG 100 Fronteiras/Everett:

Serjão – 617.438.4009
Zé Luiz – 978.590.1322

Se você quer visitar o Robermar está semana, antes de sexta-feira é só ir até o hospital:

Beth Israel Deaconess Medical Center
330 Brookline Ave
Boston – MA
11 Reisman / East Campus
11 andar – Quarto 1173

HBN – Paulo Monauer
Fotos Paulo Monauer e divulgação
www.hellobrasilnews.com
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