Wednesday, May 23, 2012

A dialética do elogio

A idéia de escrever sobre o elogio vem do fato de eu ter notado como as pessoas parecem estar se esforçando cada vez mais para não elogiar umas às outras. Vejo isto entre os norte americanos e entre os brasileiros nos meios onde convivo aqui. Embora o pão-durismo no elogio se manifeste de maneira diferente, é exercido nas duas culturas, apesar de termos sido ensinados que devemos dizer coisas positivas aos outros; ou seja, elogiar as pessoas. Porém, parece que o desejo de dizer coisas positivas aos outros anda com a popularidade cada vez mais baixa. Eu, particularmente, sempre achei que os norte americanos elogiam demais (entre eles, a maior parte do tempo, é bem verdade). Aquela coisa meio exagerada que parece falsa. Provavelmente uma consequência da noção de que é importante dar o reforço positivo para fortalecer a autoestima. O problema é que o sujeito passa a infância ouvindo que tudo o que faz é “great”, e um dia cresce, vai lidar com o mundo real e ninguém mais fala isto para ele. Aí a coisa complica e haja psicólogo para dar conta da falta de elogio na vida de adulto.  Obviamente, há muita gente na cultura norte americana que elogia quando há razão para fazê-lo. É o caso daquelas pessoas que escrevem coisas interessantes ou mostram fotos bonitas no facebook, e os amigos (ou até mesmo os só conhecidos) elogiam de coração aberto.  Os brasileiros, por outro lado, não costumam praticar o elogio exagerado na infância nem na adolescência entre círculos familiares ou entre amigos, e, portanto, parecem crescer com menos necessidade de ouvir tantos elogios frequentemente. O elogio político é praticado nas duas culturas, lamentavelmente (parte da vida, como diriam muitos, né?). Já o elogio merecido parece que anda cada vez mais escasso entre brasileiros. Sou sociolinguista, não sou psicóloga; então não vou tentar analisar a razão. Só noto que anda escasso. Por exemplo: O que e que custa escrever uma linhazinha dizendo: “Puxa, que bonito/interessante isto que você escreveu;” ou: “Nossa, como você está lindo”. Há gente que diz que não se deve elogiar ninguém em público porque não é apropriado. Fico espantada quando ouço isto, mas… sigo em frente. Outros que dizem que elogiar demais pode fazer a vaidade ficar muito elevada. O Bono diz em uma de suas canções que não deveríamos ser muito bons em certas coisas. Sugerindo que se você for muito bom em algo, vai ficar muito vaidoso. Dentro desta lógica, os gênios jamais deveriam ser elogiados?  Enfim, vaidade, carência, falsidade, disfunção social e mérito real à parte, todo mundo gosta de um elogiozinho de vez em quando, é ou não é? 
Até a semana que vem, se Deus quiser.
HBN –  Colunista – Eliani Basile
Foto Divulgação
Publicado na Edição 51 – 05/28/2012 – Página 18
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